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Qual a função da arquitetura de supermercado?

Confira o novo artigo exclusivo de Kátia Bello, arquiteta e CEO da OpusDesign, para a SuperVarejo

Costumo dizer que quem trabalha com supermercado aprende todo santo dia. O dinamismo que este setor tem e o grande número de pessoas que passam pelas lojas todos os dias têm muito a nos ensinar.

Hoje quero compartilhar um aprendizado recente que tive na loja de um cliente. Era de manhã, e tínhamos uma reunião de apresentação do projeto de uma nova unidade. A reunião aconteceria em uma loja que projetamos há três anos. Cheguei mais cedo para andar por ela, pois fazia tempo que não a visitava.

Eis que entro no banheiro de clientes e, enquanto estou lavando as mãos, uma cliente começa uma conversa trivial comigo. Em poucos minutos, ela começa a dar um feedback espontâneo: com muita animação, conta que era seu dia de folga e que, quando tem tempo livre, prefere ir àquele supermercado em vez de ir ao shopping. Já fiquei feliz com isso, mas ela continuou dizendo que a filha sempre tira uma foto no espelho do banheiro porque a iluminação é ótima e as fotos ficam lindas!

Essa história é real. A cliente não sabia que eu havia participado do projeto — foi uma conversa totalmente espontânea. Para mim, foi um presente. Às vezes, uma simples conversa revela muito sobre a experiência do cliente e sobre o impacto que a arquitetura pode ter.

A importância da manifestação espontânea

A primeira reflexão é: a cliente não respondeu a um questionário sobre arquitetura. Foi uma manifestação genuína. Quem trabalha com pesquisa e análise de marca sabe a diferença entre respostas estimuladas e manifestações espontâneas. Quando alguém comenta sem ser provocado, é porque há relevância — e, neste caso, também contentamento, apreciação e recorrência.

E afinal, qual é o papel da arquitetura de supermercado?

Será que, ao projetar o banheiro de um supermercado, devemos vê-lo apenas como um ambiente sanitário e funcional? Um local onde o objetivo é atender o número mínimo exigido de lavatórios e vasos sanitários, ocupando o menor espaço possível, economizando em revestimentos e iluminando mal?

Certamente não.

Mas por que esse tipo de decisão ainda é comum? A resposta daria uma tese. Deixo aqui mais algumas reflexões sobre o papel da arquitetura de varejo:

  • Ao avaliar um projeto de arquitetura, procure entender o contexto das pessoas que usarão o espaço e o tempo histórico que vivemos. Antes dos celulares com câmera e redes sociais, ninguém pensava em tirar foto em banheiros. Hoje, isso é comum — e influencia na percepção da loja como um todo.
  • É tentador olhar apenas o custo total da obra. Mas é mais estratégico avaliar o custo junto com o valor de marca que uma boa arquitetura gera. Marcas fortes geram valor, atraem e retêm clientes.
  • Por fim, desconfie se algum arquiteto disser que algo “precisa ser feito porque está na moda”. Moda passa. Arquitetura de qualidade permanece. Essa sim é um investimento inteligente e com excelente custo-benefício.

Pense nisto!
@katiabelloopus

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