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Qual o tempo dos supermercados?

Kátia Bello explica como a métrica de tempo é crucial para o varejo alimentar

No último artigo, falamos sobre o tempo dos clientes enquanto estão no supermercado fazendo suas compras — e como um layout estrategicamente pensado para valorizar esse tempo pode ser extremamente rentável.

Hoje, quero continuar essa reflexão, mas com uma nova perspectiva: o tempo dos supermercados.


O tempo cronológico e a gestão operacional

Nas empresas — e nos supermercados não é diferente — o tempo costuma ser associado às métricas operacionais. Se eu perguntar a um supermercadista quanto ele fatura por mês em determinada loja, certamente saberei a resposta com exatidão. Afinal, faturamento é um indicador diário de performance, e a marcação do tempo está diretamente ligada às metas e decisões estratégicas.

Esse tempo mensurável é o que chamamos de tempo chronos:

  • mês, trimestre, semestre, ano…
  • fluxo de caixa, payback, retorno por m², ruptura…
  • KPIs e metas operacionais guiadas pelo relógio.

Todas essas métricas são essenciais para a gestão eficiente do supermercado.


Existe outro tipo de tempo?

Mas e o tempo do cliente, aquele que circula na loja física, completando sua lista de compras? Existe uma outra dimensão de tempo que vale a pena considerar?

A resposta é sim.

Essa dimensão é o tempo percebido, o tempo da experiência emocional e psicológica. E é aqui que a arquitetura e o layout estratégico podem se tornar aliados poderosos.


A diferença entre tempo real e tempo percebido

Todo mundo já sentiu isso:

  • Em uma conversa chata, 10 minutos parecem uma eternidade.
  • Em uma conversa interessante, 10 minutos passam voando.
  • Um adolescente apaixonado sente que os minutos finais da aula se arrastam, enquanto os primeiros minutos com a pessoa amada evaporam.

Essa é a percepção subjetiva do tempo, e ela influencia diretamente como o cliente sente sua jornada dentro do supermercado.


Supermercado interessante ou desinteressante?

Esse conceito nos leva a pensar em dois tipos de loja:

  • Supermercados “desinteressantes”, que sofrem mais com reclamações sobre filas, fricções e desconforto.
  • Supermercados “interessantes”, onde o ambiente físico vai além da estética: ele foi pensado estrategicamente para envolver o cliente — e, com isso, alterar sua percepção do tempo.

Esses segundos criam experiências de compra mais agradáveis, acolhedoras e memoráveis. O cliente permanece mais tempo, se sente melhor e, muitas vezes, consome mais.


Conclusão: tempo é valor

No varejo alimentar, tempo é um ativo duplo:

  • Do lado da gestão, ele guia decisões.
  • Do lado do cliente, ele define a qualidade da experiência.

Projetar um supermercado eficaz hoje exige pensar nas duas dimensões. O tempo cronológico é vital — mas o tempo emocional é o diferencial competitivo.

Pense nisto!
@katiabelloopus

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